Amanhã, quando me ponha diante do espelho, não direi o que sempre me digo.
Fixarei os olhos firmemente nos meus próprios, porque me dei conta que nunca o faço.
Calarei os pensamentos e celebrarei abertura de ano sabático de mim mesmo.
Deixarei abandonadas a totalidade de promessas que me jurei, porque sempre o faço.
foto e arte Lori de Almeida - Crucifixo. |
Não me julgarei. Não me julgarás.
Amanhã, quando me ponha diante de alguém, apenas direi aquilo que sempre lhe digo.
Perscrutarei pacientemente, um-a-um, meus hábitos. Neles plasmarei repetição e diferença.
Serei diante de pessoa qualquer, aquela pessoa que no espelho vê, o reflexo dela mesma.
Abandonarei infinidade de vozes que levo dentro, porque adiantam-me os próprios passos.
Não me induzirei. Não me induzirás.
Vem todas com promessas de poder.
No entanto, a mais valiosa, árdua e efêmera delas, não a queremos: o poder sobre si mesmo.
Basta de antigas promessas ou transcendentais, dentro-fora: vem todas disfarçadas de virtude.
Prometendo-nos mais por finitude.
No entanto, a mais poética, mística e laureada delas, não a podemos: o existir por ele mesmo.
Não me desacreditarei. Não me deixarás.
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