FOTOAFORISMOS

martes, 27 de marzo de 2012

Uma teoria para um auto-retrato

Cerco pequenos instantes e retratos de algumas fotos que faço
Do mundo que me rodea à beira de um pequeno passo.
Em uma volta tenho tudo, se faço de uma perna um giro de compasso.
Aguardo tudo atrás da lente organizando um desejo que vejo neste espaço.

Quando revejo tais pequenas fotografias que fiz
foto Lori de Almeida
Reconheço nelas diminutos luxos a que me permiti
E a pequena maldade que me fez feliz:
Roubar do mundo um instante qualquer de sua intemporalidade
Revelá-lo e fazê-lo meu, baixo o domínio do "meu intempestivo tempo".

Se pudessem as pessoas nelas verem meu auto-retrato...

Vissem também o cromático de meus olhos de poucos tons;
O frágil e sensível filtro de minha pele e a quimica de meus humores.
Meu tamanho e minhas distâncias.

Se pudessem as pessoas nelas verem meu auto-retrato...

A insensatez do meu olhar é dominante em primeiro traço
Pois insiste em pautas de impressionismo astigmata - "por defecto" -
Imprimir um flagrante perdido - e na realidade com ninguém compartido.

Se pudessem...
A segurança desenfocada do meu caráter encontrar quando a outro enfoco
E os defeitos que saltam quando me ponho em falsas perspectivas.

Um fotógrafo é um homem sensato e deixa espaço em suas fotos
Para que outros possam compartilhar de suas sensações e do seu tempo.

Meu arquétipo não me deixa valer tanto;
Não merecem nada os egoístas como eu
Que detrás da lente não podem mais que expressar
A quietude, a unicidade e a solidão de um instante próprio...

Mas...Ei, tú!!!
Se tens algum destes meus instantes
Estarás em posse de alguma entre
Entre minhas falsificadas recordações.


lunes, 26 de marzo de 2012

Triste escritura, triste criatura ll

Triste fim teve
foto Lori de Almeida
Aquele que na vida
Não esteve mais que ausente.
Escreveu regulares cartas para destinatários anônimos e inexistentes
E recebeu com atraso os presentes
Que enviou a ele mesmo.


Como triste sobra de um homem em sí mesmo,
É triste e única a sombra do homem
Que é sempre o mesmo.


Triste homem de pequeno repertório
Que em poucos números cantou suas
vantagens;
Que em seu minuncioso íntimo
Muito lhe deu trabalho
O pouco da vida que soube.


Suficiente vida teve
Aquele que no ajuste de suas contas
Esteve ausente
Para estar consigo mesmo
Suspenso e decididamente.

martes, 20 de marzo de 2012

Começar uma lenda ancestral...???

Conta a lenda que em alguma antiga aldeia
foto Lori de Almeida
Havia algo que há gerações se repetia:
Era bastante comum algum homem
Desaparecer dela da noite para o dia.


Fosse  ele figura popular nesta aldea
Por largo tempo todos se comoveríam.
Ou fosse mítico este homem,
Outras lendas de sua lenda surgiríam.


Conta um conto desta lenda
Que ao desaparecer um homem certo dia
Outro retornou que de anterior geração 
Desaparecido havia.


Sábio se fez, pouco a pouco, em sua aldeia
Este homem que a todos atendia...
E irreconhecível para aqueles
Que do outro tempo ele  os conhecía.


Alabavam-lhe todas as vozes
foto Lori de Almeida
Que em toda a aldeia se ouvía,
Porque ele, entre todas, a todas distinguía.


Acaba sua lenda que de outra maneira não seria:


A tantos, com paciencia, ouvia este homem
Que sua voz já pouco entonava sua sabedoria.
Acordou mudo uma manhã,
Recolheu todo o pouco que lhe pertenceu
E desapareceu sem dizer  se voltaria.


domingo, 11 de marzo de 2012

um distinto Antônio

foto Lori de Almeida
um distinto Antônio me disse só uma vez:

- Para muito caminhante só há um caminho: o caminho que se faz ao sentir sincero, sem cêra sem cena. 

Para outro caminhante não há caminho: só há sinas - a que ensina...e outra que é trilha assassina.

E para cada caminhante  sempre haverá um caminho:
Que o fará encontrar-se a um distinto caminhante.

"no meio do caminho havia um caminhante..."

sábado, 10 de marzo de 2012

Triste criatura, triste escritura (lV)

foto Lori de Almeida

Pobre viola esta minha que não aprendeu a cantar.
Infeliz violeiro, este aqui, que não te ensinou a vibrar...
Agora estás sempre abandonada junto a mim:
Somos dois em um estado de se lamentar.
Deve ser porque chorei diante de ti... E te fiz promessa de não te deixar?

Tente ver... Porque ânsia plena me tomou... Quando ouvi tua arte em outra de ti se manifestar.
Naquelas cordas entre as mãos, a viola e um homem.
Todos em pouca luz, diante dos meus olhos:
Tentei não confundir o dar com o receber
Que entre eles se entremeavam
Em arte de receber-e-dar.
E chorei por tudo que estava ali e fiz promessa de a ti encontrar.


Mas esta arte não pode começar por onde alguém imagina acabar
Só pude te dar meu menos... Quanto mais posso querer de ti receber?
Como pode fazer-se mestre aquele que antes promete, sem antes nada fazer?

Já me faltam cordas no coração e tenho poucas para te emprestar...
Desejaram-te tanto as minhas mãos e tão pouco puderam te dar.

viernes, 9 de marzo de 2012

Triste criatura, triste escritura (lll)



Método??? Em áries estou.
Sempre que busco uma coisa;
Encontro-me à outra.
Quando quero e desejo a uma coisa;
Entretido estou com outras.
Cada vez que lembro de uma coisa;
Esqueço-me de tantas outras.

"minha janela para um céu de bh."  foto Lori de Almeida

Ao começar uma coisa,
Envolvo-me com seus princípios;
Abstenho-me dos seus meios;
e...sobretudo...
Nunca realizo seu fim.



Foi assim- buscando - que entendi o meu “ao redor”.
Foi assim - querendo -que aprendi o meu “abrir mão”.
Foi assim - lembrando - que reconheci o meu “saber-fazer”.
Foi assim que realizei uma coisa:
Abstenho-me do fim;
Reavivo meus princípios
E... sobretudo...
Nada deixo sem começo!