“...para cada vício a sociedade promulgará uma lei...e o primeiro direito que garante uma lei é o de submeter-se a ela.”
foto Lori de Almeida
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“...só existe felicidade na morte daquele que não conheceu sua decadência...”
“...chegará o momento em que se deverá enterrar, e por última vez se desenterrar, os velhos papéis que nos têm à deriva. Decidir-se, para poder olhar sem intenção a nenhum; por última vez não despedir-se de nenhum e começar assim os exercícios de ausência de sentimento e de despedidas. Em alguns deles, sem equívoco, estará apontado algo que se possa prestar como inscrição lapidar que lhes sirva de remédio. Um funeral onde um sobre o outro irão enterrando-se, sobre a leveza enrugada que deixam aos velhos papéis, os anos que carecem de nostalgia. Isto sim: uma inscrição que lhes seja própria, uma capadura de concreto sem contracapa, sem solapa, uma obra só de título...uma lápide...”Visto pela ultima vez.”
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“...a vida não me deu mais opções que vivê-la... como se eu tivesse já nascido dentro dela me submeteu ao diálogo, à reflexão e a reagir no mundo; deu-me o mundo já vivo, pulsante e com fome de mim... minha vitalidade se exige toda nesta tarefa de lhe dar sustento e sentido e de encontrar nele o peso de sua própria existencia.
Como um filho que jamais nos abandona a vida também nos confunde... pois na maioria das vezes recebo quando não dou e dou quando não recebo...quero entregar-lhe o corpo mas não minha alma como no falso amor que rechaça o que é o "compartir os desgostos"... porque o corpo não nos guarda mistérios quando sente dor.
Equivocou-se aquele que disse que no corpo a alma tem seu élan encarcelado...seria mais acertado dizer que nele encontra sua armadura; que é no corpo que o pensamento se protege; que na vida é o corpo quem sai curado e ferido, e que a alma... ela disfruta da convalescência guardando seus ensinamentos e esperanças.
É ela que tem de suportar, diante dos outros, as exigências que lhe faz a consciência e a moral?... A ela lhe foi dado o privilégio de estar por cima de todas estas coisas... Alma luxuriosa é esta que vê o mundo de passagem... Alma luxuriosa é esta que não aceita sua finitude.
É ela que tem de suportar, diante dos outros, as exigências que lhe faz a consciência e a moral?... A ela lhe foi dado o privilégio de estar por cima de todas estas coisas... Alma luxuriosa é esta que vê o mundo de passagem... Alma luxuriosa é esta que não aceita sua finitude.
Tive alma alguma vez?... Eu que nasci para o mundo? Eu que não tenho mais que um corpo que se reclama cada manhã? Eu que desperto todo dia com a vida já desperta do meu lado? Inteira... repartida... dividida...em gotas ou a solapadas se apresenta diferente e repetidas vezes sem cessar e por todos os lados...até no silencio diviso sua presença e na quietude me afeta a sua ausência. Como corpos no prazer gozamos com nossas semelhanças e na dor nos sacrificamos por diferenças.
A alma não é mais que um relator da vida que goza de livre arbítrio...vive de descrevê-la ...sem censura.”