FOTOAFORISMOS

jueves, 31 de marzo de 2022

Yoga para quem precisa fragmento 1

 

foto Lori de Almeida Bierge - España

"Fiz uma revolução

e agora

busco para meu mundo

outra solução.


troquei um dilema

por um problema


troquei teorema

por trabalho.


a revolução não é solução

ela é um primeiro  passo.


ela não é a mudança.

ela é o último recurso."

                                            Dae Son


No mundo de ilusões em que costumamos nos recrear, esperamos que um trovão de luz anuncie a mudança e basta apenas que nos ponhamos prontos e atentos. Esperança buscada por doquier numa palavra, num livro, num texto, num olhar, n’alguém; enfim num giro copernicano que nos colocará a vida em outro navio; numa narrativa ideal para futuramente nos envaidecer e cortar os ventos de vida contrária.


Existe sim, e surge como o bote salva vidas daqueles que se sentem derrotados cotidianamente. Porém, toda esta luz e barulho das revoluções de toda ordem, estes fogos de artifícios que acompanham os tambores, são somente um a posteriori de algo já acontecido, já engendrado. Quase sempre não permitem que se revelem, em toda sua extensão, as luzes e as sombras do processo de mudança que anunciam.


Esta esperança é uma fria e calculada mise-en scène, uma alegoria anacrônica vendida pelas livrarias e telenovelas. Como uma banda marcial a pisada forte, passam por cima das rosas e espinhos que temos nas mãos, cada qual com sua cor, levando nossas moedas rapidamente.


As biografias verdadeiramente contadas nos deixam pouca esperança de encontrar semelhantes ânimos, para enfrentar o contemporâneo entre a nossa vida e o passado brilhante e realizado de outrem, ou seguir seus mesmissimos passos e sua exemplaridade.


Para toda biografia que revela apenas a luminescência do poder, a grandiosidade e a grandiloquência de um líder, é sabido que existe, numa gaveta escondida, outra narrativa que guarda, em necessário segredo, os dias escuros ofuscados pelo brilho desta biografia imaculada em prosa e verso.


Quanto mais nos aproximamos da luz alheia, mais cegos ficamos.