FOTOAFORISMOS

jueves, 31 de julio de 2014

a realidade por filtros - a mão e a chuva


Detrás da translucidez da chuva
Foi desaparecendo o horizonte.

Cada gota
Em torrente queda
Com todas as demais milhares gotas
Diluía a croma das coisas
Como faria um filtro opaco
Sobre qualquer objeto,
Irradiando luz morta e astigmata.

Estendi minha mão
Para receber na palma em flor
O golpe derradeiro deste matizes lavados

de-gota-em-gota
Explodiram-se e desvaneceram.

Entre estas linhas que o destino me desenhou para cada mão,
Escapavam suas pequenas almas
N'último brilho guardado das cores.

Milimétricos instantes de luminosidade
A milimétricos instantes de minha pele.

II

                                Ampla é a alma
                                Ainda que em justa pele se ajuste.
                                Aquela pode ter pela janela
                                O que esta se apronta receber
                                Pela porta do seu tato.

                                Uma responde:
                                 - Uma lágrima, uma gota.
                                Ao que outra pergunta:
                                Quão dista minha mão
                                Daquele horizonte que quero?

viernes, 11 de julio de 2014

a realidade por filtros II


foto  Lori de Almeida

Se dominasse a prática
igualmente o que me domina a teoria,
quanta vida me faltaría?

Se nominasse uma teoria
somente para o que dediquei alguma prática,
quanto livro me sobraria?
foto  Lori de Almeida

Se isentasse minha vida
do que tenho de alegoria,
seria eu… ou... não seria?

Eis a questão.