FOTOAFORISMOS

jueves, 16 de abril de 2009


flanosofando com a historia da filosofia

Pobre Sócrates. Fomos tão ansiosos com ele que não prestamos atenção ao detalhe de sua última tentativa existencial antes da morte: encontrar-se na arte. Estranho aspecto teve sua morte tão triste em épocas de mortes tão festejadas. Se pode ver muito de sinal trágico neste fato se especulamos. O enigma do “conhece-te a ti mesmo”, que o oráculo lhe ofereceu, transformou-se na sua morte anunciada. No seu projeto de morte triunfal. E não conseguindo edificá-lo, nos últimos momentos, invejou e se atreveu a tentar o ofício de Homero.
O diálogo socrático tem hora e limite se nos fixamos nos quadros que deles pintou Platão. E esta finitude aparece quando neles os dialogantes dirigem a dúvida a eles mesmos. Em nossa cultura até então espiritual, a primeira sensação foi a sensação de vazio; pois nossos conteúdos internos respondiam a outros diferentes instrumentos de solicitação dos saberes. Ou seja, plantou-se a dúvida a partir de então, mas é possível que o enigma nos remeteu ao pior dos encontros da existência: a duvida de si-mesmo. A dúvida provoca o vazio primeiramente, e não pensemos o contrário. Quando se duvida da própria existência, nenhuma natureza interessa. O homem oriental, parece ser, se preservou bem mais – e é possível que tenha alcançado bem mais – pois optou em fazer do vazio o seu conteúdo, e ocupou sua vida toda em extrair, deste vazio, uma intenção intuída.
Até vejo Sócrates se perguntando em últimos segundos se o medo da morte é apenas o medo da sensação física: será que sentiremos o nosso corpo definhar; pois aquilo que não é corpo é o quê?