Constatado este novo defeito, a um homem ansioso como eu, se faz necessário explorá-lo com criatividade para não incorrer em vicíos e lamentações indesejados. Ainda que prescrevam os mais afamados tomos da sabedoria, sem escatimar argumentações, as diferenças entre defeitos/vícios e virtudes/hábitos, é sabido que entre os artistas e os homens santos a fórmula para mapeá-las não deve exigir mais que poucas letras: se o espirito se deforma temos um defeito; se o defeito se espiritualiza temos uma virtude.
Positivamente me instigo a pensar que nisto resida grande parte da riqueza da vida: encontrar-se povoado de defeitos e viver de recriá-los com efeito. Imagino ser esta a riqueza que todos podemos almejar sem medo a pruridos humanistas que possam manifestar-se em nosso íntimo. Livrarmo-nos da resignação imposta pelas éticas da atualidade, nós que reconhecemos colecionar inevitáveis defeitos. Quanto anonimato nos exige a vida resignada! Fazendo-nos caminhar enfileirados e buscar espírito adentro a identificação "consoladora" com outros - que como você e eu, cobrem os seus defeitos com as mortalhas das "grandes coletividades".
foto Lori de Almeida
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Quanta serenidade encontraria aquele que pudesse fazer-se virtuoso de suas imperfeições...
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