FOTOAFORISMOS

lunes, 27 de agosto de 2012

"O Astigmata" - II

 O astigmatismo, embora seja uma disfunção anatômica no meu caso, é bem mais que isso. No meu caso...

foto   Lori de Almeida
Talvez este olhar astigmata que dirijo às coisas - enveredado e disfuncional - tenha que reconhecer a paternidade de muitos dos meu hábitos e defeitos. A maternidade deles...terá que reconhecê-la a  humanidade, a civilização ou ambas, pois parecem atingir nossos próprios gens. Isto sempre pareceu uma boa explicação: a genética para gente corrente, não parece profanar nenhuma das mitologias do destino que aparecem na filosofia antropológica ou na teologia.

Mas...eu não consegui em toda minha existencia fazer-me gente corrente -  também nisso fracassei - e não apoiaria a especulação genética. O que não me impede de reconhecer, sem drama de consciência, que se encontram nela afirmações cientificas de valor.

Posto a investigar, eu me inclinaría à especulação dos meus defeitos congênitos: aqueles que aperfeiçoei, enfrentando-me ao cotidiano, munido da imaturidade-nossa-de-cada-dia. Sempre a espera de reconhecer em alguma verdade um sentido para a existência.

Porém...a medida que fui introduzido à verdade das coisas...quase me permití a querer descobrir umas quantas mais...

Popular o mundo de verdades!...

Tantos lados para olhar...tanta gente para seguir...tantos exemplos que recolher...Possibilidades de verdades por todos os lados. Homens-sanduiches pelas ruas indicando o endereço de tantas verdades...recolhendo tanta gente da rua...e outros da amargura...

Não o fiz! Decidi por olhar-me a mim mesmo
Encontrei-me sozinho e ansioso por mim:
Astigmata...
No fundo de minha retina não sabia então que via pálidas sombras
onde teriam que refletir-se as linhas exatas
dos fortes contrastes que nos ensinam as verdades.
Mal saberá Platão que eu...mesmo à luz da realidade...
...Toda minha vida me vi... fora de enfoque e monocromático como sombra em uma caverna. Não sei se me adiantariam - a estas alturas da vida - as lentes de correção ou alguma verdade, quando de longa data vivem sob minha existência o defeito e o já-feito.

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