FOTOAFORISMOS

jueves, 6 de diciembre de 2012

Diário anacrônico VI - Heinrisk e sua autobiografia.


Existe sim, uma discordância entre o desejo íntimo de um homem e o desejável para o convívio pacífico entre outros. A força com que se vive este desejo, dentro de cada ser humano, é variável na sua intensidade e de caráter pessoal. Disto se deriva a importância que este desejo, para alguns mais que para outros, terá. Em Heinrisk este desejo se manifesta com muita força e o faz recalcitrante.

É ilógico, incongruente e cômico, que uma terceira pessoa como eu, tenha que se ocupar daquilo que devería ser escrito em primeira pessoa e de próprias mãos. Sem embargo, Heinrisk pediu-me um favor num momento difícil: toda vez que, no passo de seus anos, o homem consiga notar um trânsito no seu caráter, ele deve tomar uma decisão. Resolvi tomar a aparição de Heinrisk diante de mim como um aviso do tempo: ele já decidiu-se.


foto Lori de Almeida
Além disto encontrei, em alguns escritores antimodernos, descritos   os tristes días, daqueles que levados pela modernidade nada puderam decidir, findarem-se sem solução. Levaram uma vida emaranhada e de acinzentada nostalgia. Días sem folhas, flores ou frutos. Isso me assustou deveras, porque já notei meu trânsito de caráter e agora noto também os passos dos meus anos. Tendo decidido Heinrisk, decido eu também: através de sua autobiografia nos livraremos de todo este passado que já não nos pertence e faremos com que se mingue em imagens fictícias de um caráter ultrapassado. Talvez Heinrisk possa me conduzir a realização de meu desejo íntimo de refazer alguns antigos días. Sem interesses, ainda que haja discordância.

Tenho que pedir a Heinrisk que me traga algumas fotos também, quando passe por aqui, hoje pela tarde, para deixar-me seus dias de ontem em minhas mãos...

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