Detrás da translucidez da chuva
Foi desaparecendo o horizonte.
Cada gota
Em torrente queda
Com todas as demais milhares gotas
Diluía a croma das coisas
Como faria um filtro opaco
Sobre qualquer objeto,
Irradiando luz morta e astigmata.
Estendi minha mão
Para receber na palma em flor
O golpe derradeiro deste matizes lavados
de-gota-em-gota
Explodiram-se e desvaneceram.
Entre estas linhas que o destino me desenhou para cada mão,
Escapavam suas pequenas almas
N'último brilho guardado das cores.
Milimétricos instantes de luminosidade
A milimétricos instantes de minha pele.
II
Ampla é a alma
Ainda que em justa pele se ajuste.
Aquela pode ter pela janela
O que esta se apronta receber
Pela porta do seu tato.
Uma responde:
- Uma lágrima, uma gota.
Ao que outra pergunta:
Quão dista minha mão
Daquele horizonte que quero?
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