FOTOAFORISMOS

sábado, 10 de marzo de 2012

Triste criatura, triste escritura (lV)

foto Lori de Almeida

Pobre viola esta minha que não aprendeu a cantar.
Infeliz violeiro, este aqui, que não te ensinou a vibrar...
Agora estás sempre abandonada junto a mim:
Somos dois em um estado de se lamentar.
Deve ser porque chorei diante de ti... E te fiz promessa de não te deixar?

Tente ver... Porque ânsia plena me tomou... Quando ouvi tua arte em outra de ti se manifestar.
Naquelas cordas entre as mãos, a viola e um homem.
Todos em pouca luz, diante dos meus olhos:
Tentei não confundir o dar com o receber
Que entre eles se entremeavam
Em arte de receber-e-dar.
E chorei por tudo que estava ali e fiz promessa de a ti encontrar.


Mas esta arte não pode começar por onde alguém imagina acabar
Só pude te dar meu menos... Quanto mais posso querer de ti receber?
Como pode fazer-se mestre aquele que antes promete, sem antes nada fazer?

Já me faltam cordas no coração e tenho poucas para te emprestar...
Desejaram-te tanto as minhas mãos e tão pouco puderam te dar.

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